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Saiba como funciona o Manejo Integrado de Doenças (MID)

Atualizado: 28 de out. de 2023


O Manejo Integrado de Doenças (MID) é um conjunto de práticas agrícolas que tem como objetivo prevenir e controlar doenças de plantas de forma integrada e sustentável. Essa estratégia combina diferentes métodos, como o uso de variedades resistentes, o controle biológico, o manejo adequado do solo e o uso racional de defensivos agrícolas, visando reduzir os danos causados pelas doenças às plantas, aumentando a produtividade e a qualidade da lavoura, e promovendo a redução dos custos. Neste post, vamos explorar brevemente a história e a importância do MID, bem como as táticas de manejo disponíveis para controlar doenças em plantas.



Histórico do Manejo Integrado de Doenças (MID)


O MID surgiu na década de 1960 como resposta à preocupação crescente com a dependência cada vez maior da agricultura de produtos químicos sintéticos para o controle de doenças. A abordagem do MID baseia-se na compreensão de que as doenças das plantas são causadas por uma combinação de fatores, que inclui o patógeno, o hospedeiro e o ambiente, conhecido como "triângulo da doença" (Figura 1). Ao abordar todos esses fatores de forma integrada, o MIP busca controlar as doenças de maneira mais eficaz e sustentável.


Diagnóstico correto e intensidade da doença


O primeiro passo no manejo integrado de doenças é um diagnóstico preciso da doença. Isso envolve a identificação do patógeno e a avaliação da intensidade da doença. Uma vez que a doença é identificada, é importante monitorar sua intensidade para que a ação possa ser tomada no momento certo.


Monitoramento do clima


O monitoramento do clima é uma das ferramentas mais importantes para o Manejo Integrado de Doenças (MID). O clima afeta diretamente o desenvolvimento das doenças e, portanto, é crucial para determinar a intensidade das doenças e o momento adequado de aplicar as táticas de manejo.


Por exemplo, se o responsável técnico detecta um aumento na umidade relativa do ar, ele sabe que pode haver um aumento na incidência de algumas doenças, como a ferrugem em algumas culturas. Com essa informação, ele pode decidir intensificar as táticas de manejo integrado de doenças, como a aplicação de controle cultural, como a limpeza e remoção de restos de cultura, ou controle biológico, como a liberação de inimigos naturais, caso necessário.


Outro exemplo é o monitoramento da temperatura. Algumas doenças podem ser favorecidas por temperaturas mais altas ou mais baixas. Se o responsável técnico, ciente que a temperatura está propícia para o desenvolvimento de uma determinada doença, ele pode tomar medidas preventivas, como alterar a irrigação ou aplicar um controle biológico específico.


O objetivo é controlar a doença de forma mais eficiente e sustentável, evitando o uso desnecessário de agrotóxicos.


Táticas de manejo de doenças


Existem várias táticas de manejo de doenças disponíveis no MID. Cada tática visa controlar um ou mais fatores de risco envolvidos na doença. Vamos dar uma olhada em algumas das táticas mais comuns:


Figura 1. Táticas de manejo de doenças.


  • Controle cultural

O controle cultural envolve a manipulação do ambiente no qual a planta está inserida para controlar doenças. Para isso, é necessário adotar algumas práticas, como: escolha de variedades resistentes; espaçamento adequando entre plantas; manejo adequado do solo e remoção de restos culturais infectados.


A escolha de variedades de plantas resistentes a doenças é uma das estratégias mais eficazes do controle cultural. Isso porque algumas plantas têm naturalmente a capacidade de resistir a determinados patógenos. O uso de variedades resistentes reduz a necessidade de aplicação de agroquímicos e torna a planta menos suscetível a doenças, aumentando a produtividade e a qualidade dos cultivos.


O espaçamento adequado entre plantas também é importante no controle cultural, pois permite a circulação de ar e luz, o que ajuda a reduzir a umidade, criando um ambiente menos favorável para o desenvolvimento de patógenos. Além disso, o espaçamento adequado facilita o manejo de doenças e pragas, permitindo uma inspeção mais fácil e uma maior precisão na aplicação de tratamentos.

  • Controle genético

O controle genético envolve a criação de variedades de plantas que são resistentes a doenças. Isso pode ser feito através de técnicas de melhoramento genético tradicionais, como seleção e cruzamento de plantas com características desejáveis, ou por meio de técnicas mais avançadas, como a engenharia genética.


A seleção de variedades resistentes é importante porque pode reduzir ou até eliminar a necessidade de aplicação de agroquímicos para o controle de doenças. Por exemplo, o uso de variedades de soja com resistência à ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) pode reduzir significativamente a necessidade de aplicação de fungicidas.

  • Controle biológico

O controle biológico envolve o uso de organismos vivos para controlar patógenos de plantas. Ao invés de usar produtos químicos, essa estratégia utiliza bactérias benéficas, fungos ou insetos predadores para controlar a incidência de doenças. Esses organismos são selecionados com base em sua capacidade de suprimir ou inibir o crescimento dos patógenos, sem causar danos à planta ou ao meio ambiente.


Um exemplo de controle biológico é o uso de Trichoderma spp., um fungo que produz enzimas que degradam a parede celular dos patógenos, reduzindo sua capacidade de infectar a planta. O controle biológico também pode ser utilizado em combinação com outras táticas de manejo, como o controle cultural, para maximizar o seu efeito e minimizar o uso de produtos químicos.

  • Controle físico

O controle físico envolve o uso de práticas físicas para controlar patógenos de plantas. Isso pode incluir o uso de barreiras físicas, como redes ou telas, ou a aplicação de calor ou frio extremos para controlar patógenos de plantas.

  • Controle químico

Já o controle químico é uma das táticas mais populares e amplamente utilizadas no manejo de doenças em plantas. Consiste no uso de produtos químicos, como pesticidas, fungicidas e herbicidas, para controlar ou eliminar patógenos responsáveis pela doença. É importante destacar que o uso excessivo desses produtos químicos pode levar à seleção de populações de patógenos resistentes, dificultando ainda mais o controle de doenças futuras. Portanto, é importante que o controle químico seja utilizado de forma consciente, somente quando necessário e seguindo as orientações de segurança e uso adequado.


É importante ressaltar que o manejo integrado de doenças (MID) é baseado no conceito do "triângulo da doença", que é composto por três elementos: o patógeno, o hospedeiro e o ambiente. Para controlar efetivamente a doença, é necessário entender como esses três elementos interagem e como afetam o desenvolvimento da doença.


Figura 2. Triângulo da Doença.

Representação da interação entre patógeno, hospedeiro e ambiente.
Representação da interação entre patógeno, hospedeiro e ambiente.

O Triângulo da Doença (Figura 2) é um modelo que representa a interação entre três fatores principais que afetam o desenvolvimento de uma doença em uma planta: o patógeno, o hospedeiro e o ambiente. A interação desses três fatores pode levar a um aumento ou diminuição da ocorrência e gravidade da doença. Se um dos fatores estiver ausente, a doença pode não se desenvolver ou ser menos severa.


Um exemplo prático em que um dos fatores do triângulo da doença está ausente pode ser observado na cultura do milho. O patógeno responsável pela doença conhecida como "podridão da raiz" é o fungo Fusarium, que pode causar perdas significativas na produção. No entanto, a doença não ocorre com frequência em solos bem drenados e com boa aeração, onde o ambiente não favorece a proliferação do fungo.


Figura 3. Triângulo da doença: ambiente favorável ausente.

Representação do triângulo da doença apresentado ausência de ambiente favorável.
Representação do triângulo da doença apresentado ausência de ambiente favorável.

Dessa forma, a ausência de um ambiente propício (Figura 3) para o desenvolvimento do patógeno reduz a incidência da doença ou impede que ela ocorra, mesmo que o hospedeiro (milho) esteja presente.


Diante do exposto, o Manejo Integrado de Doenças é uma abordagem que busca controlar as doenças das plantas de forma eficaz e sustentável, considerando a interação de diversos fatores que influenciam o desenvolvimento da doença. O MID envolve o uso integrado de várias táticas de manejo, como controle cultural, controle biológico, controle genético e controle químico, com o objetivo de minimizar a incidência de doenças e reduzir o uso de agroquímicos.

A implementação do MID requer conhecimento e monitoramento constante do ambiente, da cultura e dos patógenos envolvidos, bem como a adoção de práticas agrícolas sustentáveis. A aplicação do MID não só contribui para a saúde das plantas e do ambiente, mas também para a segurança alimentar e a rentabilidade do produtor.


Referências

SOUZA, J. C. de; SANTOS FILHO, H. P.; REIS, A.; CECON, P. R. Táticas de controle no manejo integrado de doenças. Vitória: Incaper, 2010. Disponível em: https://biblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2318/1/brt-taticasdecontrolenomanejointegradodedoencas.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.


ZAMBOLIM, L.; JUNQUEIRA, N. MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS DA MANGUEIRA. [s.l: s.n.]. Disponível em: http://www.nutricaodeplantas.agr.br/site/ensino/pos/Palestras_William/Livromanga_pdf/12__manejointegradodedoencaomangueira.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.

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