Entenda a importância do Cobalto e do Molibdênio no desenvolvimento das plantas
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Entenda a importância do Cobalto e do Molibdênio no desenvolvimento das plantas

Cobalto

O cobalto é classificado como um elemento benéfico, pois mesmo em sua ausência, as plantas são capazes de concluir seu ciclo de vida, desenvolvendo-se de forma natural. Há algum tempo, ele vem sendo considerado potencialmente essencial, principalmente para plantas leguminosas.


Em estudos recentes com a cultura da soja, foi notado um ganho significativo de produção com a aplicação do cobalto via foliar na cultura. Isso possivelmente é ocasionado pelo intenso melhoramento genético das plantas. Portanto, para alcançar altas produtividades, é importante que se disponibilize às plantas uma nutrição adequada, desde macronutrientes, micronutrientes e até os elementos benéficos, quando a cultura é responsiva.


Figura 1 - Raiz com nódulos de Bradyrhizobium

Fonte: Embrapa, 2018.


Quando a cultura depende da fixação biológica de nitrogênio (FBN) para o seu bom desenvolvimento, como é o caso da inoculação na soja (Glycine max), é muito importante suprir a deficiência de cobalto, pois o mesmo é um elemento químico que contribui para a síntese de Cobalamina e indiretamente, para a síntese de Leg-hemoglobina.



Figura 2 - Formula estrutural de cobalamina

Fonte: Paniz. Fisiopatologia da deficiência de vitamina B12 e seu diagnóstico laboratorial, 2005.



A Cobalamina é responsável pela síntese da Leg-hemoglobina, que por sua vez é uma hemoproteína. A Leg-hemoglobina possui coloração avermelhada e está presente nos nódulos ativos das plantas, como por exemplo nos nódulos de soja. Sua função é realizar o transporte de O2, contribuindo para a geração de energia na planta.


Dessa forma, a deficiência de Leg-hemoglobina resulta em baixa produção de nitrogênio, o que se reflete em clorose total e necrose nas folhas do baixeiro, além de grãos com teores de proteína mais baixos. É importante ressaltar que quando a planta contém um excesso de cobalto, ela pode induzir a deficiência de cobre (Cu), ferro (Fe) e manganês (Mn).


Molibdênio

Assim como o cobalto, o molibdênio também é reconhecido como um elemento benéfico, pois mesmo em sua ausência, as plantas são capazes de concluir seu ciclo de vida desenvolvendo-se naturalmente. Quando falamos de FBN (Fixação Biológica de Nitrogênio), o molibdênio pode trazer benefícios, pois participa ativamente da fixação nitrogenada.


Segundo os autores Bert e Rodrigues (2022), o molibdênio é fundamental para o desenvolvimento saudável das plantas, pois desempenha um papel crucial em várias reações metabólicas. Ele participa da absorção de nitrato (NO3-), da síntese de proteínas, assim como da fixação biológica do nitrogênio (FBN).


O molibdênio desempenha um papel crucial na formação da enzima nitrogenase, a qual é responsável pela Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), que é realizada pelos rizóbios. A nitrogenase é uma enzima que possui a habilidade de quebrar a ligação entre os átomos de nitrogênio (N), que se encontram na forma molecular N2 na atmosfera, e convertê-los em compostos como nitrato (NO3-) e amônio (NH4+).


Figura 3 – Nitrogenase com ligação de N2 da atmosfera

Fonte: Nunes, Fixação de nitrogênio: estrutura, função e modelagem bioinorgânica das nitrogenase, 2003.


A enzima redutase de nitrato tem molibdênio em sua estrutura, assim como a nitrogenase. Ela é importante para a conversão do nitrato (NO3-) em aminoácidos e proteínas na planta. Essa enzima tem duas fases: na primeira fase, ela converte o nitrato (NO3-) em nitrito (NO2-); na segunda fase, o nitrito (NO2-) é convertido em amônia (NH3), que pode ser utilizada para a produção de aminoácidos e proteínas.


Embora seja raro, as plantas podem apresentar toxicidade ao molibdênio. Um exemplo disso é a rúcula, que ao receber adubação foliar na dose de 0,9 g/L, pode exibir características como haste arroxeada, folhas flácidas e aspecto opaco (Luz et al., 2023). Por outro lado, em um estudo realizado por López Aguilar (2017) com milho doce, foi observado que a aplicação de 450 g/ha de Mo resultou em menor produtividade, mas não apresentou sintomas de toxicidade.


Figura 4 – Folha de Sorghum bicolor (sorgo) com deficiência de molibdênio

Fonte: Lima, Toxicidade de micronutrientes em sorgo-sacarino: diagnose visual. 2016.


Aumentando a produtividade


Em resumo, a adubação foliar com cobalto e molibdênio pode ser um importante aliado para melhorar a eficiência da fixação biológica de nitrogênio nas culturas agrícolas. No entanto, é preciso ter cuidado para evitar a toxicidade de plantas causada por excesso de nutrientes. Com o uso de técnicas de manejo adequadas, uma boa compreensão dos processos que afetam o crescimento das plantas e com orientação de um profissional engenheiro agrônomo, é possível garantir a produção de alimentos de forma segura e sustentável.


Além disso, é importante ressaltar que a toxicidade de plantas pode ser um problema que afeta não apenas a produtividade das culturas, mas também a segurança alimentar e a saúde humana. Por esse motivo, é fundamental que os produtores rurais e técnicos estejam cientes dos efeitos que o excesso ou a falta dos nutrientes podem causar nas plantas.


Os nutrientes cobalto e molibdênio são necessários em menores quantidades do que os macronutrientes, mas desempenham um papel fundamental no aumento da produtividade agrícola. Isso é importante para o posicionamento do Brasil como um importante produtor de commodities. No entanto, é importante lembrar que o excesso de micronutrientes também pode ser prejudicial, por isso é importante usar as doses corretas desses elementos.


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REFERÊNCIAS


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International Plant Nutrition Institute. Cobalto. Disponível em: http://www.ipni.net/publication/nutrifacts-brasil.nsf/catalog?ReadForm&cat=C


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LÓPEZ AGUILAR, M.A. Doses e épocas de aplicação de molibdênio no milho doce. 2017. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, 2017. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/152290


LUIZ, L. G. de O.; DA CONCEIÇÃO DE MATOS, C. Doses de molibdênio no crescimento de rúcula. Revista de Educação, Ciência e Tecnologia de Almenara/MG, v. 4, n. 3, p. 60–75, 2023. Disponível em: https://recital.almenara.ifnmg.edu.br/index.php/recital/article/view/324


NUNES, F. S.; RAIMONDI, A. C.; NIEDWIESKI, A. C. Fixação de nitrogênio: estrutura, função e modelagem bioinorgânica das nitrogenases. Química Nova, v. 26, n. 6, p. 872–879, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/yp6dYVXkbChSdDLXtDftVPd/?lang=pt#


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