A cada dia, a margem de lucro proveniente do cultivo de lavouras têm se tornado cada menor. Como saída para recompor o rendimento financeiro e também manter a viabilidade da atividade, muitas têm sido as alternativas adotadas para a redução do custo de produção. Uma delas é promover a conservação do solo e matéria orgânica, que é umas das responsáveis pela manutenção da fertilidade do solo.
Figura 1 - Exemplo de solo com matéria orgânica no Horizonte A (Chernozêmico).
Fonte: Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SIBCS), 2015.
A matéria orgânica (M.O) vai mais além do que manter a fertilidade, ela tem influência sobre as características biológicas, físicas e químicas do solo. Dessa forma, um solo mais fértil garante que as plantas fiquem bem nutridas, possibilitando uma maior produtividade.
Agora aprofundaremos um pouco mais sobre a influência que a M.O promove no solo.
Características biológicas
A M.O.S é responsável por estimular a biota do solo, aumentando a biota edáfica, capaz de disponibilizar nutrientes e energia aos microrganismos, e com a matéria orgânica mineralizada esses nutrientes ficam disponíveis para as plantas.
A M.O também tem como característica relevante, servir de indicador de qualidade de solo. Isto é, a sua presença interfere positivamente nas características biológicas, físicas e químicas e, consequentemente, a baixa presença ou ausência atua como sensor da qualidade deste solo.
Características físicas
Os benefícios físicos nos solos são enormes como a estabilização da temperatura no solo, o que impede a perda de água para a atmosfera, permitindo que essa água esteja disponível para o desenvolvimento da cultura em períodos de veranico.
Um solo que possui M.O garante a melhor estabilidade dos agregados que é justamente onde se encontra a água armazenada no solo, e ainda diminui a redução do escoamento de água superficial. Com a estabilização dos agregados, ela contribui para a diminuição da erosão no solo.
Características químicas
Ela tem um importante papel na capacidade de troca cátion (CTC), insto é, na capacidade do solo de reter nutrientes na sua forma de cátions, dada área superficial específica, atuando como "imã", retendo os nutrientes e tornando-os disponíveis às plantas, evitando que sejam perdidos por lixiviação.
Apesar de a argila que está presente no solo também realizar ligações assim como a M.O, ela só realiza essas ligações em nutrientes com cargas positivas, como potássio (K+), nitrogênio (Quando em íon amônio NH4+), cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+).
Figura 1 - Ligação e complexação de elementos químicos
Fonte: próprio autor.
O fósforo (P), para que possa ser absorvido pelas raízes, deve estar na forma de íons ácido fosfórico (H2PO4-) e hidrogenofosfato (HPO4-). No entanto, elementos como o ferro (Fe3+) e alumínio (Al3+), realizam ligações com o fósforo, tornando-o indisponível para às plantas. Assim, a M.O.S atua como uma aliada, pois tem a capacidade de recobrir a superfície do ferro e o alumínio, processo conhecido como complexação de elementos tóxicos, impedindo assim que ocorra a sua ligação com o fósforo, dessa maneira liberando o fósforo para as plantas.
A matéria orgânica do solo como armazenadora de nutrientes
Deste modo, podemos concluir que é possível recuperar e/ou aumentar a margem de lucro, promovendo praticas como a conservação do solo e da matéria orgânica, potencializando a capacidade do solo de "armazenar" nutrientes que poderiam ser perdidos por processos como a lixiviação ou fixação. Por outra lado, o uso de práticas como esta, promove a sustentabilidade ambiental e econômica da produção agrícola.
Como vimos acima, a M.O.S é uma das chaves para uma boa fertilidade do solo, por isso é importante que cobertura do solo seja mantida com a utilização do manejo de rotação de culturas, proporcionando assim, a reposição constante de M.O.
REFERÊNCIAS
